Meu Jardim
O que de início parece engraçado
- Afinal de contas, o que é que um bebê vai entender no Teatro? -
Revela-se, de repente, uma surpresa:
Já não fazia tempo que havíamos chegado ao consenso
De que a Arte não tem que ser entendida?
Contemplado pelo Edital Myriam Muniz, o GRUPO SOBREVENTO criou dois espetáculos inéditos destinados à primeira infância, tomando diferentes pontos de partida, seguindo diferentes processos, com vistas a alcançar resultados diferentes que constituíram experiências bem particulares na comunicação com o público de 6 meses a 3 anos de idade.
Assim, foram montados os espetáculos para bebês BAILARINA e MEU JARDIM, uma iniciativa pioneira no Brasil, com um resultado tal que terminou por serem convidados a cumprir temporada no Teatro Fernán Gómez, em Madri, Espanha, por dois anos consecutivos, marcando a primeira vez que um espetáculo brasileiro integrou o Ciclo Rompiendo el Cascarón, direcionado especificamente à Primeira Infância.
Em MEU JARDIM, entediado, em meio a um deserto, um viajante decide criar um jardim. Mas como fazê-lo? A partir do texto da autora belga de origem iraniana Mandana Sadat, o Grupo Sobrevento compõe um espetáculo que fala de esperança, de sonho, do desejo e da possibilidade de transformar o mundo, em uma paisagem que poderia ser o Irã, como poderia ser o Brasil. A montagem utiliza elementos visuais e sonoros próprios da cultura brasileira, que a aproximam da cultura iraniana e que, curiosamente, parecerão familiares a cidadãos de todo o mundo. A estrutura do texto original - publicado em um livro que se lê em idioma ocidental da esquerda para a direita e que se lê em persa da direita para a esquerda, compondo duas histórias semelhantes porém diferentes - mantém-se nesta montagem, com a construção e a desconstrução do jardim. Uma desconstrução que deixa, entretanto, uma semente como presente de esperança e de possibilidade de recriação, ao alcance de todos nós. Para o Grupo Sobrevento, criar um mundo, um jardim, do nada, no nada, como o faz em seu espetáculo, como o fez Mandana Sadat ao escrever o seu livro, como fez o público ao ter os seus bebês, é a crença de que há um mundo bonito a ser construído e que a vida, definitivamente, vale a pena.