A Cortina da Babá - Fotos

Espetáculo apresentado no Festival Mirada, no SESC Santos, e no Festival CASA, em Londres, Inglaterra, em 2013.





Destinada ao público infantil, A CORTINA DA BABÁ é uma encenação do conto Nurse Lugton´s Curtain, de Virginia Woolf (Londres, 25 de janeiro de 1882 — Sussex, 28 de março de 1941) – nada menos do que uma das maiores escritoras britânicas. O texto foi escrito para uma sobrinha de visita e encontrado em meio aos manuscritos do romance Mrs. Dalloway.

Com quatro atores-manipuladores, música original criada por Pedro Paulo Bogossian, cenografia e figurinos de André Cortez, A CORTINA DA BABÁ é a 18a montagem do GRUPO SOBREVENTO, que tem 27 anos de carreira e é reconhecido internacionalmente como um dos maiores expoentes brasileiros do Teatro de Animação.

TEATRO DE SOMBRAS CHINESAS POR BRASILEIROS

Conduzida pelo GRUPO SOBREVENTO, a montagem foi além de um simples projeto de encenação: envolveu um intercâmbio internacional Brasil-China, trocas de experiência entre os principais sombristas brasileiros e grandes especialistas brasileiros em Teatro de Animação de quase 10 estados e uma oficina pública e aberta.

Para a criação do espetáculo, o SOBREVENTO trouxe ao Brasil, pela primeira vez, Liang Jun, diretor da Cia. de Arte Popular de Shaanxi (China), uma das companhias mais destacadas daquele país e a representante maior de seu estilo - o estilo de Shaanxi. O SOBREVENTO pôde oferecer gratuitamente – em parceria com a SP Escola de Teatro – uma oficina orientada por Liang Jun a especialistas e interessados pelo assunto. Realizada no ESPAÇO SOBREVENTO, o curso recebeu mais de 200 inscrições e atendeu a 60 artistas vindos de 10 estados do Brasil. Abrindo e tornando público o processo de montagem de seu espetáculo, o SOBREVENTO ajuda a difundir o Teatro de Sombras Chinesas – técnica fundamental no campo do Teatro de Animação –, provocando uma reflexão acerca do potencial dessa técnica no Teatro Contemporâneo e no nosso país, onde esta forma teatral é muito pouco conhecida e raramente vista.

A partir de fundamentos do Teatro de Sombras Chinesas, o SOBREVENTO quer apresentar um Teatro de Sombras como jamais se viu pelas mãos de artistas brasileiros, dando à sua montagem um ar mágico, delicado e surpreendente.

SINOPSE DO TEXTO

A CORTINA DA BABÁ, texto de Virginia Woolf, narra a história de uma criada, uma babá, que cochila, enquanto costura uma grande cortina azul bordada com figuras que representam animais e uma pequena aldeia. Ao quinto ronco, as figuras vão ganhando vida aos poucos. Primeiramente, os animais bordados no tecido começam a mexer-se. Dirigem-se, então, a um lago para beber água. Depois, as pessoas que habitam uma aldeia, também representada no tecido, saem das suas casas e divertem-se. Todos tentam agradar uns aos outros, pessoas e animais, pois sentem pena uns dos outros, por saberem-se encantados por uma feiticeira, por um gigante, por uma ogressa, que é a própria babá. Quando a babá acorda, despertada pelo vôo de um inseto em torno de uma lâmpada que ilumina o seu trabalho de costura, tudo volta ao normal – os animais congelam-se, de volta, no tecido e ela continua a costurar.

O TEATRO DE SOMBRAS

A técnica de sombras com silhuetas coloridas – que ficou conhecida como sombra chinesa –, revela o colorido e transparências que dão um ar mágico aos bonecos. A tradicional movimentação das silhuetas por meio de varas, feita por trás da tela é a técnica de base do espetáculo. Não foi descartado, porém, o uso de fontes duplas de iluminação, colocadas em ângulos diferentes, permitindo a utilização de fusões de imagens (desligando-se uma luz em resistência, enquanto se acende outra, da mesma forma), criando sobreposição de imagens e dando origem a passagens mais sutis, conferindo mais dinamismo à encenação. A utilização de projeções semelhantes às lanternas mágicas ou aos abajures giratórios, como os dos quartos de bebês, podem levar as figuras às paredes da sala de espetáculos, aumentando a sensação mágica de figuras que ganham vida para além do espaço da cortina.

VIRGINIA WOOLF PARA CRIANÇAS

A montagem do SOBREVENTO visa, principalmente, a amadurecer a pesquisa do grupo acerca das potencialidades expressivas do Teatro voltado para crianças, buscando sua contemporaneidade, por meio do alargamento dos limites estabelecidos, preconceituosamente, pelo senso-comum e por meio da fuga de estruturas consolidadas pelo uso costumeiro. Para isto, partiu de um texto poético de uma autora do porte de Virginia Woolf, em busca de uma encenação que promova uma comunicação intensa e contemporânea com a criança, não por meio do puro entendimento lógico, mas sim da sensação, da sensibilidade, da emoção e do envolvimento. O Projeto pretende abrir uma discussão acerca da contemporaneidade do Teatro para Crianças no Brasil e de questões como a dramaturgia e a encenação modernas destinadas a este público, percebendo este como um campo onde o excesso de redundância e a busca de atender a expectativas estreitas ainda é corrente, por conta de muitos preconceitos e pouco questionamento.