O Cabaré dos Quase-Vivos
Em um ambiente elegante, simpático, um grupo de artistas apresenta o seu CABARÉ DOS QUASE-VIVOS, onde o objetivo é distrair, entreter, divertir, porque “afinal de contas, de triste já basta a vida”. Paralelamente aos quadros de cabaré, que incluem números de mágica, ventriloquia, coreografia, cenas cômicas, desenvolve-se uma história de um homem comum, pobre, que vive os seus dramas e tenta levar a vida com a dignidade que lhe é possível. Esta história, “do mundo real”, é protagonizada por bonecos quase-vivos, que revelam sentimentos muito mais humanos que os dos cínicos atores que os manipulam e que são incapazes de entender ou de se reconhecer no drama das marionetes.
O SOBREVENTO usa da provocação de uma alternância constante entre o envolvimento e o distanciamento do público, oscilando deliberadamente entre o ilusionismo e a revelação do truque, entre o sentimentalismo e o cinismo, com vistas a provocar um incômodo que revele ao espectador a crueldade,a desumanidade e o cinismo onde parecia haver apenas leveza e frivolidade.
No ano em que completou 20 anos, o SOBREVENTO, uma das companhias de Teatro de Animação de maior renome nacional e internacional, arriscou-se em mais uma aventura: fugindo do que lhe era cômodo, partiu para a pesquisa de técnicas de animação que jamais havia utilizado anteriormente. Neste espetáculo, as marionetes de fio, graças a uma técnica apurada de confecção e manipulação, ganharam um realismo extraordinário e, com isto, um potencial dramático insuspeito. O SOBREVENTO valeu-se, ainda, de títeres de varão, uma variedade de bonecos historicamente importante no Brasil, que foi abandonada e que permanece, praticamente, desconhecida. A estes bonecos – o Grupo usa as variantes portuguesa e siciliana -, somam-se, no espetáculo, bonecos de ventríloquo, Teatro de Brinquedo e autômatos, com o objetivo de criar diferentes relações com os espectadores, provocando diferentes efeitos humorísticos, dramáticos e poéticos.